Home » Em março de incertezas no Ibov, ação sobe 35%. Veja as 5 maiores altas

Em março de incertezas no Ibov, ação sobe 35%. Veja as 5 maiores altas

por Roberto Ribeiro

O Ibovespa, principal índice da B3, fechou nesta quinta-feira (28) em alta de 0,33%, aos 128.106,10 pontos. No entanto, houve perda de 4,53% no primeiro trimestre do ano.

Segundo levantamento da Ágora Investimentos, obtido com exclusividade pelo E-Investidor, algumas ações conseguiram fechar com alta acima de 30% no mês. O melhor desempenho ficou com a fabricante de aviões e peças aeroespaciais Embraer (EMBR3).

De acordo com o levantamento, os papéis da Embraer (EMBR3) apresentaram a maior rentabilidade no acumulado mensal, com valorização de 35,69%. O otimismo em torno da empresa cresce exponencialmente desde o início do mês, quando foi realizada a encomenda de até 133 jatos pela American Airlines.

Publicidade

A Ágora Investimentos aponta que mesmo diante dos desafios na cadeia de suprimentos, a companhia conseguiu encerrar 2023 entregando seu guidance (projeção) financeiro. Com os números, analistas passaram a revisar para cima as projeções e isso alavancou o desempenho das ações durante o mês.

Após o conglomerado divulgar seu balanço e seu guidance para 2024, o mercado passou a considerar seus papéis ainda mais fortes. O Goldman Sachs, por exemplo, apontou que a Embraer tem uma posição dominante no mercado de jatos executivos e regionais, o que faz com que a demanda atual por substituição de aeronaves potencialize os seus números.

De acordo com o CEO e fundador da Melver Educação, Raony Rossetti, existe um duopólio global composto por Boing (BOEI34) e Airbus (AIR), mas a Embraer tem se posicionado. “A Boing está passando por uma dificuldade que está rendendo até crise de imagem. Já a Airbus está sofrendo com uma negociação para uma possível greve. Com isso, Embraer está entrando nos holofotes”, afirma.

O fluxo de notícias positivas levou a companhia a uma sequência de aumentos no preço-alvo do papel por grandes bancos – veja mais detalhes nesta reportagem.

As ações da Braskem (BRKM5) também entraram no ranking de maiores ganhos ao apresentar valorização de 30,32% no acumulado mensal, em virtude de um voto de confiança dado pelo mercado. Apesar do prejuízo indicado pelo balanço do quarto trimestre do ano passado, o investidor não desistiu do papel. Além disso, a possibilidade de venda da empresa se sobrepôs a uma eventual cautela com passivos judiciais decorrentes do desastre ambiental na cidade de Maceió, em Alagoas.

Publicidade

Segundo Rossetti, a Braskem tem sofrido com dois fatores, que podem indicar uma queda a longo prazo. “O primeiro ponto é a questão do afundamento do solo em Maceió, que deve resultar numa multa imensa difícil de precificar. E o segundo é a tentativa do presidente Lula inserir Guido Mantega (ex-ministro da Fazenda da ex-presidente Dilma Rousseff) no conselho da empresa.”

Para ele, trata-se de mais um caso de interferência governamental que pode resultar em animosidade no mercado financeiro, vide o caso da Petrobras (PETR3; PETR4)confira detalhes nesta reportagem.

Céu de brigadeiro

Os ganhos de 16,79% das ações da Azul (AZUL4) fizeram com que a companhia aérea figurasse entre as maiores altas do Ibovespa. Em um ano, a Azul no Aeroporto de Congonhas, na Capital paulista, teve um aumento de 82% no número de clientes. O crescimento ocorreu por conta de sua maior presença e ofertas de voos. A disponibilidade de slots (pousos e decolagens) no terminal dobrou de 41 para 84 após autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de acordo com informações da empresa.

Com isso, a Azul agora transporta 200 mil passageiros mensalmente a partir de Congonhas. Antes, eram 110 mil. No total, a companhia opera 14 rotas a partir do aeroporto paulistano. A média diária é de 45 voos que transitam entre as maiores capitais do País, como Rio de Janeiro (RJ), Natal (RN) e Porto Alegre (RS). Seu lucro operacional somou R$883,2 milhões no quarto trimestre de 2023.

Segundo a Ágora Investimentos, a única novidade para a Azul no mês de março foi o rumor de que a companhia estaria estudando um possível M&A com a GOL que está passando por um processo de recuperação judicial (Chapter 11) nos EUA. Neste contexto, é possível que um movimento de troca entre as ações das aéreas tenha acontecido, uma vez que as ações da GOL (hoje fora do Ibovespa) tiveram queda acentuada ao longo do mês, no sentido contrário ao desempenho positivo observado em AZUL4.

Transformação na Natura

As ações da Natura & CO (NTCO3) também entraram na lista das maiores altas da Bolsa em março, com ganhos acumulados de 16%, como consequência de suas melhorias operacionais nos últimos dois anos. A margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) – indicador da rentabilidade operacional de uma empresa – ficou em 11,3% no quarto trimestre de 2023, um aumento de 550 pontos porcentuais em relação ao ano anterior.

Essas otimizações fazem parte de um plano de transformação na Natura, que busca maior eficiência. O processo está na chamada “Onda 2” de integração das marcas, após a aquisição da Avon em 2020. A companhia apresentou avanço sequencial em sua rentabilidade.

Já as ações da gigante do papel e celulose, Suzano SA (SUZB3), atingiram alta de 13,54%. De acordo com a Ágora, o equilíbrio do mercado da celulose parece ser mais apertado do que as suas expectativas iniciais. A Europa continua a ser o principal motor desta dinâmica positiva dos preços, dada uma combinação de demanda forte e perturbações do lado da oferta (por exemplo, crise do Mar Vermelho e greves na Finlândia).

Publicidade

Quanto à China, a demanda após o Ano Novo Chinês provou ser melhor do que o inicialmente esperado e os estoques em toda a cadeia permanecem abaixo dos níveis normalizados. Como resultado, os produtores de celulose relataram fortes carteiras de pedidos para os próximos três meses e os fabricantes de papel anunciaram aumentos de preços nas últimas semanas.

Para a Ágora, os aumentos nos preços da celulose anunciados para os pedidos de abril, provavelmente, serão implementados com sucesso nas próximas semanas e é provável que ocorram novos aumentos (para os pedidos de maio). Vemos agora riscos de alta em nossa previsão para 2024 de US$ 610/tonelada para os preços médios de celulose de fibra curta na China.

* Com informações da Agência Estado/Broadcast

Artigos relacionados